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EDUCAÇÃO FINANCEIRA PARA CLASSES DE BAIXA RENDA

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por Sônia Mesquita

economia@blogdacomunicacao.com.br

Vamos falar de dinheiro. E como falar sobre isso com aqueles que supostamente têm poucas moedas em suas contas? Como educá-los e orientá-los a usarem e fazerem seu depósito bancário crescer?

A princípio é preciso entender como pensam as classes menos abastadas sobre sua situação monetária. Sobre o que é importante para elas consumirem e porque adquirem este ou aquele produto ou serviço.

Renato Meirelles, sócio-diretor do Instituo Data Popular,  autor do livro Um Jeito Fácil de Levar a Vida, Denise Toledo, jornalista e comentarista de economia e Fábio Moraes, diretor de Educação Financeira da Febraban, falaram nesta tarde na Associação Comercial de São Paulo, em curso para jornalista: Como abordar o tema da orientação financeira para o público de baixa renda.

Segundo Meirelles, há 10 anos o mercado não enxergava que esta classe existia, porque só a classe A e B comprava, hoje é notório que a classe C movimenta 381 bilhões de reais por ano. O mercado descobriu que o varejo de massa é o que sustenta o comércio.

Para Meirelles é preciso então saber como se comunicar com esta classe. “Endividamento para a classe de baixa renda é estar com prestação atrasada. Busca o consumo de inclusão. São pessoas que contam centavos e não podem errar em suas escolhas, por isso são fiéis às marcas”. Meirelles ainda explica que em seus estudos constatou que as empresas líderes do mercado são líderes entre as classe mais baixas. ” Para estas classes os valores são outros, a forma de ver o mundo é outra”.

Outro dado interessante apontado por Meirelles é com relação ao comportamento: “Quanto mais pobres, mais interagem uns com os outros”. Ele acredita que foram obrigados a se relacionar devido à falta de dinheiro. Acrescenta também que quanto mais pobres, maior é a concentração de jovens nas famílias.

A segunda oradora do evento ,Denise Toledo, aconselha que o jornalista esteja bem inteirado sobre os assuntos de economia para escrever a respeito do tema. Acompanhar noticiários de economia, ver a base de tudo, subida da taxa de juros, gastos públicos, crises internacionais, e, para oferecer orientação financeira deve fazer uso de algumas medidas, como o uso de uma linguagem simples e acessível, com abordagem diferenciada para o público alvo e fazer com que o entrevistado seja objetivo.

“Hoje é o momento de mostrar para as pessoas grandes oportunidades para aplicar o dinheiro. O brasileiro sempre teve que cuidar mais do dinheiro por conta das inúmeras medidas governamentais como confisco, congelamento e crises.” A jornalista aponta o rádio como o melhor veículo para falar mais próximo com a população sobre finanças.

Denise Toledo finaliza criticando a educação em escolas de jornalismo que não cobram a leitura de jornais e a facilidade da internet com a prática do copia e cola. “Isto atrapalha porque não há uma prática de pesquisa, mas o jornalista tem que buscar sua qualificação”.

Fábio Moraes apontou o case do portal financeiro www.meubolsoemdia.com.br que busca auxiliar a população a cuidar melhor do dinheiro. Para ele a educação financeira é um processo mais comportamental que didático.

Ele salienta que o problema do consumo é comum no mundo inteiro. A grande preocupação do programa é mostrar para a população que o consumo só é bom se puder ocorrer sempre. Daí a necessidade de poupar para ter reservas para o futuro.  Fazer com  que o consumidor entenda que o consumo se torna inviável sem reservas.

Fábio Moraes mostra a mulher como grande aliada nesse processo porque tem mais controle financeiro e se preocupa com o bem estar de todos na família. Já os jovens sem filhos e com carteira assinada são os que mais se endividam. Então o programa se foca nestes dois para uma educação financeira que dê resultados positivos.

Para o diretor é necessário também que este programa seja levado para dentro das empresas pois os endividamentos de trabalhadores tem se tornado um problema social, com diversos indivíduos em situação de insolvência.

“As pessoas se sentem endividadas somente quando não conseguem pagar suas dívidas, vivem no fio da navalha, não têm reservas, daí para se tornarem inadimplentes é um passo”.  Estas pessoas só consideram-se endividadas quando não conseguem pagar a prestação do carnê.

Outro dado preocupante encontrado nos resultados das pesquisas é que as pessoas não se sentem responsáveis por sua inadimplência, sempre culpam um fator externo. Fábio aponta que é preciso mudar este comportamento, fazê-las entender que é sim culpa delas porque não se planejaram, não se prepararam.

Alguns caminhos sugeridos são usar linguagem simples para abordar este tema com as pessoas, utilizar situações reais para o uso do dinheiro e crédito, explicar os produtos e serviços bancários com clareza, apontar medidas para refazer o controle financeiro, mostrar que é possível fazer economia e mais uma vez fazê-los entender que a reserva garante o consumo perene.


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